Mercado teme que intervenções de Bolsonaro prejudiquem lucro da empresa como no governo Dilma
Após intervenções na Petrobras, Bolsonaro é comparado a ex-presidente Dilma Rousseff
Na sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, como novo presidente da Petrobras. Para que a substituição seja concretizada, a indicação precisa da aprovação do Conselho de Administração da Petrobras.
Com esse anúncio, as ações da Petrobras derreteram. As ações preferenciais da estatal fecharam com queda de 21,5%, a R$ 21,45 na segunda-feira (22), após já terem recuado na sexta. Assim, a perda de valor da empresa nos dois últimos pregões da Bolsa de Valores chegou a R$ 102,5 bi.
Reação do mercado
O mercado, ou seja, investidores e acionistas da Petrobras, é sensível e reage rapidamente com a possibilidade de ganhar ou perder dinheiro. Roberto Castello Branco estava fazendo uma boa gestão, segundo os investidores. O lucro estava em alta e todos viam a possibilidade de receber mais dividendos. Com essa troca, os investidores viram uma grande probabilidade de perda.
Bolsonaro se disse irritado com a política de preços da empresa que acompanha a variação do petróleo no mercado internacional, com uma enorme volatilidade.
O preço dos combustíveis, por exemplo, tem impacto direto na inflação, já que boa parte do transporte de carga no Brasil é feita por rodovias. Quando o diesel fica mais caro, o custo do frete também aumenta e isso é repassado para o consumidor.
O aumento do combustível também tem impacto no preço do transporte público, como o ônibus e, assim, reflete diretamente no bolso dos que dependem desse tipo transporte para se locomover.
O preço, nos últimos meses, fez com que os caminhoneiros, base de apoio do governo, reclamassem e ameaçassem greve.
Para o chefe do Executivo, a troca para um general de confiança foi a melhor solução a ser tomada no momento.
Porém, as intervenções na Petrobras tendem a influenciar a cotação do dólar ao aumentarem as incertezas sobre a economia (política econômica).
Na época de Dilma, os preços dos combustíveis foram segurados para evitar que a inflação disparasse. Isso provocou um rombo grande nos cofres da empresa.
O governo da ex-presidente, no primeiro mandato, foi marcado por inflação alta do IPCA, índice de preços do IBGE, e teve média anual de 6,17% acima do centro da meta de inflação do Banco Central, que era de 4,5%. Já em 2015, último ano de ser governo, a inflação bateu 10,67%.
Assim, Dilma intensificou o controle de preços na Petrobras, impedindo que as oscilações do mercado internacional fossem repassadas ao mercado interno e pressionassem ainda mais a inflação.
Mercado
Na Bolsa de Valores, o mercado é sempre visto como uma entidade etérea, tem CPF e CNPJ. O mercado é composto, então, por pessoas físicas ou jurídicas, que investem nas empresas esperando que elas cresçam, deem lucro e distribuam seus dividendos.
Petrobras e Banco do Brasil são papéis bastante procurados por serem marcas muito conhecidas dos brasileiros. Uma queda profunda nas ações acaba prejudicando os grandes e pequenos investidores.