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Economia solidária

Age, de maneira mais direta, fazendo novos modos de produção, produzindo ainda nos meios e na lógica capitalista, porém buscando algumas organizações internas distintas.

09/08/2024 às 12h08
Por: Pedro Fagundes de Borba
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Feira economia solidária; Créditos: Chico Bezerra/ Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes
Feira economia solidária; Créditos: Chico Bezerra/ Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes

A ideia de economia solidária encontra alguns fundamentos interessantes, os quais encontram validação por suas próprias necessidades; em confronto com os problemas econômicos presentes nas contradições e fundamentos da economia corrente. Pois, por seu próprio funcionamento, tem a economia como base o acúmulo e produção de capital, na estrutura econômica que se sustenta em tal dinâmica. Esta base, a qual possui forte raiz histórica, política e de organização, é de caráter dominante, fazendo valer e dominando correntemente todo este processo e impondo suas formas para as pessoas, em seu jeito de ser e viver.  

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Como alternativa a ela, até como ação política direta, tem-se a ideia da economia solidária. Onde processos econômicos e suas organizações teriam outras bases, as quais seriam essencialmente baseadas nas próprias necessidades humanas, em suas organizações. E num bem estar coletivo, o qual o bem comum seria um fator importante, determinante. A forma de organização, sendo distinta e alternativa, precisa ser suficientemente sólida e também autogestionada, que se retroalimente, que se mantenha forte e resistente, tenha sua perenidade. A ideia de autogestão é variada, concorrendo e variando para ideias diversas formas de ela ocorrer. Em alguns sentidos, a ideia principal é a de ser gerida pelos próprios trabalhadores, pelos que executam suas funções.

Por todos os processos envolvidos nos modos de produção, isto é, a maneira e os processos para que os objetos sejam produzidos, podem envolver funções diversas. Desde fazer trabalhos manuais até fazer gestão, administração, planejamento destes mesmos processos. Não confundir com os meios de produção, pois estes são as organizações, estruturas, locais e organização política econômica envolvida para sua produção. Os modos são os processos feitos nos meios, aquilo necessário para se produzir algo. Nesta forma de produzir, a necessidade direta é o produto, baseado em sua utilidade. 

Os fatores que fazem um produto, ou seja, a mercadoria, terem valor provém daquilo que lhe é agregado. Conforme Marx fala no começo de “O Capital” a mercadoria é o objeto que satisfaz determinada necessidade, provenha ela do estômago ou da fantasia. O pensamento e a ideia em cima destes dois fatores, o estômago e a fantasia, este último em todas as suas variações e significações. As quais podem indicar os pensamentos e ideias presentes, até coisas de fato fantasiosas. No entanto, independente de sua natureza, o aspecto material, isto é a mercadoria e as materialidades necessárias para a satisfação destas ideias continuam presentes, é uma intrínseca necessidade. Neste sentido, a economia solidária estrutura-se não para que não haja produção, mas que haja uma mudança nos meios e modos desta produção. 

Age, de maneira mais direta, fazendo novos modos de produção, produzindo ainda nos meios e na lógica capitalista, porém buscando algumas organizações internas distintas. As quais passam especialmente pela maneira como o serviço será organizado, feito. Baseado essencialmente nas necessidades de produção daquele projeto, daquilo que estará sendo feito. Há alguns tipos de empresas neste segmento, desde cooperativas, empresas com algum projeto social e de algumas outras naturezas. 

Mesmo sendo uma forma de economia um tanto mais rudimentar, baseada em uma intervenção direta que não segue todo o processo material dos mecanismos capitalistas, ainda assim é uma forma e organização econômica que mostra alguns valores e ações capazes de mudar alguns aspectos presentes socialmente. Tais ações, quando feitas em contexto e forma que podem modificar e intervierem alguns aspectos. São ações sociais, que tem um pouco de efeito. Não tão forte quanto suponha Weber, mas conseguem trazer ideias e formas que mudam algumas coisas. Dificilmente o capitalismo se modificará fortemente apenas com estas ações, o qual precisa de mais profundas e internas transformações, porém são algumas intervenções e ações que podem fazer algumas modificações. A forma de pensamento ali se coloca, dando outras ideias. Uma forma de agir, de fazer algo.        

 

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