Recentemente, no dia 12/08/2024 morreu o antigo ministro da economia, Antônio Delfim Netto. Foi, sem dúvida, uma das mais nefastas figuras das últimas décadas na política brasileira, e aquele que, economicamente, mais fez mal ao Brasil neste tempo. Nos últimos sessenta anos, com mais força a partir de 1968, participou diretamente da pior coisa feita na história recente do Brasil, que foi o AI-5. Foi este o mais repressivo, cruel e retrógado fator aplicado nacionalmente neste período. Perseguindo opositores políticos, minando ideias políticas sociais e progressistas, prejudicando fortemente o Brasil e seu desenvolvimento, ainda hoje um país com muitas limitações, que muito foram ali aumentadas, que se somaram às perdas das Reformas de Base.
Para coroar sua participação, na qual foi um responsável mais direto, foram às políticas econômicas implantadas durante seu período como ministro da economia, entre 1967 e 1974, durante os governos Costa e Silva e Médici, os anos de chumbo. Além de ter sido o autor das políticas econômicas no mais violento período ditatorial, foi quem arquitetou toda a má economia deste período. Neste momento, mais fortemente no governo Médici, houve, na política econômica duas diretrizes: uma de criar uma imagem pública de desenvolvimento, de que o Brasil se fortalecia, crescia. Tentava insuflar um patriotismo falso, pois os militares eram diretamente subordinados aos EUA. Para isso, o que se fez foi uma série de obras faraônicas que passavam uma pretensa imagem de desenvolvimento, de fortalecimento. Que podem ser destacadas as usinas de Itaipu e a rodovia Transamazônica. Era essencialmente uma maneira de captar um sentimento popular e embriagar a população com esta suposta grandiosidade, em obras que passavam uma imagem tal. Especialmente por o povo ter sido bastante favorável as reformas de bases, por eles destruídas, que precisavam captar este gosto popular de alguma forma.
Paralelamente a isto, houve também uma forte política de incentivo ao consumo. Não de maneira inclusiva, como o governo Lula faria décadas depois, mas fechada nas próprias classes. Ou seja, pobre consumiriam produtos de pobres, classe média consumiria produtos de classe média e ricos consumiriam produtos de ricos, não prevendo qualquer tipo de mobilidade social ou enfrentamento das desigualdades, apenas preservando e reforçando estruturas já existentes. Assim houve este incentivo e esta forma de controle social, sempre reprimindo contestações e ideias de enfrentamento a estes problemas. Tudo isto foi arquitetado por Delfim Netto. No entanto, devido a uma política mal feita, que buscava impressionar com as obras e também um consumismo bastante classista, os problemas foram surgindo. Pois foi mal planejado e feito, levando a consequências posteriores, com destaque para a inflação brasileira dos anos 1980, que levou ao maior trauma coletivo brasileiro, com os constantes aumentos de preços, especialmente nos governos Sarney e Collor.
Visto isso à morte dele, para além de mostrar a impunidade e a anistia brasileira, pois ele nunca foi punido, faz também lembrar todo este mau desempenho, estes falsos milagres feitos, que passam uma imagem, mas são apenas reflexos de uma má política, de um mau planejamento e de um processo que levou a um caos monetário e destruição econômica. Assim, vendo todo esse ocorrer, levado a cabo por questões políticas e ideológicas, vemos um falso milagre sendo feito e um de seus principais autores. Certamente pode ser feito melhor, caso o povo e suas necessidades sejam ouvidas e atendidas, fazendo as melhorias sociais necessárias. Quando não se quer, e se busca preservar o modelo atual, apenas se tenta ludibriar com falsos milagres e caminhos, mas que apenas desestruturam depois.
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