O crime se manifesta como uma das maneiras sociais, como uma consequência social, associado diretamente com os vários problemas que existem socialmente, juntamente com uma série de comportamentos e tendências humanas para ações negativas. Como pensado por Hobbes, o estado funcionaria como algo que limitaria parcialmente a liberdade humana, bem como seria a entidade que organizaria os humanos para um convívio comum, através do medo e da repressão. Pois a única coisa que faria o ser humano parar ou repensar algum instinto ou desejo seria apenas o medo de uma força maior, do mal e da sanção que poderia sofrer caso cometesse determinada ação condenada. No caso, o estado seria esta força maior, que através de sua força poderia penalizar os cidadãos, para que cumprissem suas determinações e sigam as regras sociais.
Ainda que a sociedade não seja apenas hobbesiana, pois para haver sociedade não basta coerção, é preciso uma sólida coesão, há alguns aspectos disto socialmente. A polícia é um instrumento, um braço do estado hobbesiano. Pois é a encarnação desta repreensão, da sanção penal e da maneira pela qual o indivíduo seria castigado por sua ação criminosa. A fim de fazer com que pague a ação e também sirva como mecanismo de constrangimento, isto é, faça não serem boas ou vantajosas tais ações. O que acaba se mostrando insuficiente, pois o crime continua acontecendo, em todas as esferas e organizações sociais, mostrando-se intrincado e dominado. Desde ladrões informais e pequenos até grandes organizações criminosas. O que mostra que a ação da polícia não apenas não inibe como se mistura com a criminalidade.
É bastante comum o jargão de que o crime não compensa. É bastante repetido e comentado por diversos setores sociais e pessoas. Porém, este aspecto de não compensação do crime é um tanto relativo e falho. Por alguns fatores. O principal deles é a questão de classe e de força do crime. Pois a vida de um chefe de máfia é radicalmente diferente da de um ladrão de rua. Ambos são criminosos, mas com diferenças de classe, diferenças de meios, de influência, de poder e de outros aspectos diversos. O que faz com que o crime seja bastante compensatório ao mafioso, pois lhe garante fortuna, influência e poder; nos mais diversos setores sociais, mas não compense ao ladrão de rua.
Dando ênfase ao ladrão de rua, pois é o mais nevrálgico ponto desta questão, pois se trata de onde há mais vulnerabilidade e mais fraqueza. Pela posição social, e pelos espaços que poderá ocupar caso entre no crime, certamente terá uma vida muito mais perigosa e curta. Pois será apenas um pequeno ladrão, um comum peão que irá ou desempenhar funções para chefes maiores ou agir de maneira independente, assaltando a mão armada, furtando ou cometendo outros crimes isolados. No qual estará em um constante risco, por sua falta de poder e influência. Estará sempre a mercê das forças e decisões, tanto do estado quanto das forças e facções criminosas, sendo um peixe pequeno, facilmente substituível por outros e também alguém que pode ser punido pelo estado sem maiores consequências. Para este, ao contrário do mafioso, o crime não compensa.
O crime é algo tão entranhado, que dominou áreas tão profundas socialmente que já faz com que muitas pessoas já nasçam nele, em suas formas. Assim sendo ali criadas ou se tornam aquilo ou possuem muito profunda marca formativa, de formação ao menos. Mas pegando aqueles que não nasceram no crime, mas para ele entram. Nisto, certamente não compensará, pois morrerão cedo, com pouca coisa. No entanto, a honestidade para eles também não compensa, pois, devido à condição social muito pouco conseguirão, pouco espaço terão. Ainda que tenham chances de vida mais longa, será uma coisa muito limitada, com poucas coisas, muitas vezes até menos do que no crime. O qual cobrará o preço, mas acaba tendo algumas melhorias neste curto espaço de vida. Nisto vemos também o caráter social do crime e o quanto acaba sendo algo que é errado, mas termina tentando. Para acabar, ou ao menos reduzir a criminalidade, se o crime já não compensa, a honestidade precisa compensar, para que se retenham os problemas e as pessoas vivam melhores.
Mín. 17° Máx. 29°