O avanço das queimadas florestais no Brasil em agosto resultou em uma escalada alarmante de emergências declaradas, com 118 decretos emitidos por municípios em todo o país, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O Estado de São Paulo foi o mais afetado, registrando 51 decretos, impulsionados por um aumento expressivo no número de focos de incêndio. Até o dia 23 de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contabilizou 3.175 focos no estado, o maior índice para qualquer mês desde o início dos registros em 1998.
As queimadas em São Paulo devastaram 44.600 hectares, destruindo lavouras, instalações e causando a morte de animais, com destaque para o impacto negativo na produção de cana-de-açúcar, uma cultura vital para a economia estadual. O governador Tarcísio de Freitas lamentou os prejuízos, que já ultrapassam R$ 1 bilhão, mas que podem ser ainda maiores à medida que os danos são contabilizados. Além disso, as queimadas têm gerado uma sobrecarga no sistema de saúde local devido ao aumento de atendimentos emergenciais e prejudicado o abastecimento de água potável.
A situação crítica também se estende à Amazônia e ao Pantanal, onde os incêndios vêm se intensificando nos últimos meses, exacerbados pelas mudanças climáticas e o aquecimento global. Na Amazônia, mais de 43 mil focos de fogo foram detectados até 20 de agosto, a pior marca desde 2007 para o período. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado pressão para intensificar as ações de combate e prevenção, com o Ministério do Meio Ambiente destacando atualmente 1.489 brigadistas na região.
Em resposta ao cenário alarmante, o governo sancionou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que regulamenta o uso controlado do fogo em áreas rurais e define diretrizes para queimadas autorizadas. A medida visa prevenir desastres como os que o país enfrenta atualmente, mas a eficácia da política depende da sua implementação em larga escala e da cooperação entre os diversos órgãos federais, como o ICMBio e o PrevFogo, que têm atuado em colaboração nas unidades de conservação.
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