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As cisões libanesas

Um país que é particularmente interessante neste sentido, para pensar base e organização nacional é o Líbano. Um dos menores países do Oriente Médio, banhado pelo Mediterrâneo, é também o mais cristão dos países árabes e da região como um todo. Em números absolutos é o terceiro, ficando atrás de Egito e Síria.

06/09/2024 às 13h30
Por: Pedro Fagundes de Borba
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Bandeira Líbano; Vector Portal
Bandeira Líbano; Vector Portal

Um estado, um país é feito tanto da força coercitiva e da organização do estado quanto da coesão, união de seus membros e o sentimento de unidade nacional, de pátria. Se sentem ou é parte de um mesmo contexto, filhos de um mesmo espaço territorial delimitado e das características que este possui. O que não significa dizer que haja uma homogeneidade nacional e que os países sejam iguais em toda sua extensão territorial. Pelo contrário, todos os países possuem diversas regionalidades e aspectos culturais presentes em partes de seu território. O Brasil mesmo é um muito bom exemplo disto, uma vez que temos pelo menos cinco culturas, uma em cada região. Mesmos nestes casos é uma simplificação bastante grosseira, pois todas elas possuem várias particularidades regionais. Falando por cima da minha região, o sul, cada um dos três estados é culturalmente um tanto distintos entre si, gaúchos, catarinenses e paranaenses possuem diversas particularidades cada qual, que os diferenciam.

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 É comum isto em praticamente todos os países, pois as culturas são muito variadas, se influenciam mutuamente, mas mantém unidades próprias, que as tornam um tipo cultural e não outro. Porém, em alguns casos, se formam tensões fortes entre membros de um mesmo país. Os quais, por vezes podem descambar em separatismos ou mesmo na dissolução nacional e o fim daquele país. Um país que é particularmente interessante neste sentido, para pensar base e organização nacional é o Líbano. Um dos menores países do Oriente Médio, banhado pelo Mediterrâneo, é também o mais cristão dos países árabes e da região como um todo. Em números absolutos é o terceiro, ficando atrás de Egito e Síria. Porém, percentualmente compões 40% da população, enquanto os dois primeiros ficam em cerca de 10%. Por este fator, os cristãos possuem maiores e mais forte influência na vida e cultura do país, sendo uma de suas marcas culturais, parte integrante de lá. O país também é o berço de uma das mais sui generis vertentes do cristianismo ortodoxo, a Igreja Maronita. Que é da qual pertencem à grande maioria dos cristãos libaneses. Seu nome vindo de São Maron, monge cristão do século IV que se estabeleceu na região.  Sendo uma Igreja ortodoxa são autogestionados, mas mantém fortes laços com o Vaticano; a ponto de seu líder, o patriarca maronita, ser também um cardeal católico.

Junto a eles, há também uma grande população muçulmana, no país, tanto sunitas quanto xiitas, os primeiros sendo maioria. Como uns todos os muçulmanos formam 54% da população libanesa. Os quais, juntamente com algumas outras minorias religiosas e ateus do país, que equivalem a 6%, formam o Líbano, a nação libanesa. Porém, já desde muito tempo, existem fortes tensões entre os cristãos e muçulmanos do país. As quais tiveram alguns momentos pacíficos, como o período entre a Independência da França e a Guerra Civil Libanesa, no qual houve uma pluralidade e uma boa convivência. Porém, especialmente em momentos que começa a ser questionada a unidade nacional, muito atiçada por diferentes países estrangeiros, como Israel, Irã e Síria, somada a tensões formadas com a forte entrada de palestinos no país após a criação do estado hebreu, os próprios libaneses se cindem internamente, tendo fortes tensões e confrontos entre eles.

 Não são coisas apenas de fatores externos, há uma forte tensão interna já muito antiga, que acaba sendo atiçada e aumentada por fatores de fora também. A própria estrutura nacional do país já visa proteger e manter a multiconfessionalidade, fazendo com que, pela Constituição, o presidente do país seja cristão, o primeiro ministro sunita e o porta voz do parlamento xiita. É um mecanismo político pensado para que as principais vertentes do país tenham representação e também não possam fazer abusos de poder. O, que muitas vezes, se mostra insuficiente, mas não fraca. Pois mantém este sistema há mais de cem anos.  Como país, é bastante interessante para ver as questões nacionais, as estruturas e como ver uma convivência entre confessionalidades distintas, o que mostra os ocorridos quando há diferenças profundas. Mantém uma unidade nacional entre estas partes, fazendo assim um país bastante particular.  

 

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