No último domingo fui ao jogo de retorno à Arena do Grêmio. Na volta para casa, o Tricolor enfrentou o Atlético Mineiro, time que gosto, meu favorito de Minas, em uma partida com alguns momentos altos e um final baixíssimo, muito decepcionante. Era uma grande emoção e promessa, já que após um período de meses sem poder jogar em seu estádio por causa da destruição das enchentes de maio, de onde o time passara por tensos momentos jogando. Fora eliminado da Copa do Brasil, da Libertadores e ficara muito tempo na zona de rebaixamento do Brasileirão, posição da qual consegue manter uma certa distância agora. Era então uma promessa, uma ideia de que venceria aquele jogo, conseguiria seus três pontos e subiria na tabela.
O jogo teve uma preparação bastante bela, com agradecimentos ao Galo por ter ajudado o Grêmio durante a enchente com diversas doações. Tanto de anúncio oficial de agradecimento quanto o Mosqueteiro e o Galo Doido posando juntos, segurando a bandeira gaúcha. Tinha fortemente um clima de retorno, de superação neste jogo, de que as coisas melhorariam. Como sócio, sento sempre na arquibancada leste, onde entro com a carteirinha e sento livremente em qualquer assento vago da área. Naquele dia, como o estádio ainda não estava com sua capacidade limitada, tive eu de conseguir um ingresso. Não paguei propriamente por ele, foi incluso em minha mensalidade de sócio, porém o tive de apresentar. Para não ter mais de doze mil torcedores na Arena aquele dia, assim tivemos de fazer. Temeroso que sou, cheguei cedo e entrei pouco após a abertura dos portões, para garantir um bom lugar.
Um pouco antes do início do jogo, já estava começando a encher mais a arquibancada, olhei para trás para ver as pessoas chegando. Foi quando vi uma torcedora linda, gatíssima. Sou do tipo que se encanta a primeira vista. Não sei se já amo neste momento, mas, no mínimo, já me interesso. Era uma bela mulher loira, provavelmente com uns 42 anos e estava com uma amiga. Tenho um fraco fortíssimo por loiras 40+. Dela também gostei. No começo, durante um tempinho não sabia como agir. Nunca a vira na vida, mas gostara. Como dar um próximo passo se tornou minha dúvida. A partida iniciou, fiquei acompanhando o Grêmio jogando no campo, os lances que fazia e suas jogadas. E, em alguns momentos, de maneira discreta, virava para trás para ver aquela que me interessara. Antes disto, havia trocado algumas palavras rápidas com alguns torcedores homens que estavam na minha volta, sobre o tempo e sobre o Imortal. Decidi que faria o mesmo com ela, mas ainda não havia contexto.
Era ela uma gremista bem forte, bem fervorosa. Cantara com força o hino do time do Imortal Lupicínio, em uma das olhadas reparei que tinha unhas azuis, cobrava forte ação dos jogadores, especialmente de Reinaldo no começo e de Nathan Fernandes mais para o final. Ainda no começo do jogo, um dos jogadores do Galo tirou uma das malhas que usava, se amostrando. O juiz nada fez, mas a torcida, incluindo ela, o xingaram fortemente, mandando jogar aquela camisa no chão, força de torcedores.
Um pouquinho depois houve o cartão vermelho para o zagueiro Gustavo Martins, provocando a ira dos torcedores. Naquele momento vi surgir o contexto. Para alguma coisa boa aquela desgraça de cartão teria de servir. No caso, me virei e comentei com ela que para nós sempre davam o cartão, para outros não. Ela deu uma leve concordada, sem falar muita coisa. Porém, houve até o final do primeiro tempo uma felicidade e um gosto de vingança por aquela expulsão. Que foram dois gols do Tricolor. No primeiro, feito por Braithwaite, as pessoas na minha volta foram à loucura, gritaram muito. O torcedor ao meu lado me abraçou, me juntando no grupo dos que pulavam. Aproveitei para novamente mexer com ela, que tinha vibrado e abraçado a amiga. No caso, empolgada, meu deu as mãos, nos tocamos um pouco. E comentou comigo que agora tínhamos um atacante, o time ainda órfão de Luis Suarez. Quanto teve o segundo gol, feito por Cristaldo e montado por Soteldo, nos tranquilizamos. Novamente falei com ela e disse que estávamos como que vingados. Ela concordou comigo.
Então terminou o primeiro tempo, com uma alta alegria e expectativa. Estávamos jogando bem, com boa folga de gol, já esperávamos ganhar. Fui comprar Guaraná e voltei para meu lugar. Ela tinha chego um pouco antes, sentada no lugar dela. Comentamos se teria troca já no começo do segundo tempo e que não teria. O time que entraria em campo era o mesmo que saíra.
Já pelos 13 minutos Renato faria o grande erro da partida, que seria tirar Monsalve e Braithwaite, tirando o ataque gremista e liberando espaço para o Atlético. E aí o segundo tempo seria muito dolorido, primeiro com o pênalti de Kannemann, coisa irrelevante, mas o suficiente para o VAR, que nada deixa passar do Grêmio dar um pênalti ao Galo, ainda mais vindo do argentino. Ali já baixou um pouco o clima, mas continuávamos ganhando. Porém era bastante árduo, o adversário passando boa parte daquele tempo em cima de nosso gol. Conseguimos segurar até os 45. Antes disto, ela falou comigo que quando estamos perdendo o jogo voa, quando estamos ganhando é lento. Completei dizendo que é porque queremos que acabe logo, nos dê nossa vitória. O que ela concordou. A dor mesmo veio nos acréscimos, com mais um pênalti, com gol do Galo, pois o goleiro Marchesín só erra pênaltis, empatando. E, para completar, um gol de bobeira feito pelo Atlético Mineiro, nos derrotando na partida. Aquela horrenda virada deixou muito para baixo a Arena, dando um clima triste. Que piorava vendo a pequena torcida atleticana, atrás de um dos gols comemorarem.
Planejava aproveitar a vitória gremista que esperava para dar uma comemorada com ela, saber seu nome e conseguir Instagram. Não tive a vitória, porém não desisti de saber isso. Aproveitei enquanto ela saía para saber o nome e o @. Consegui seu nome que era S... Perguntei sobre Instagram, mas ela estava triste e não quis dizer. Ainda na saída consegui ver ela e a amiga mais uma vez, comentando que perdemos, mas tinha sido muito bom conhecer elas. A amiga murmurou um pouco e S... não disse nada. Fiquei sem saber o sobrenome daquela mulher, a flor do jogo do estádio azul. Talvez nunca mais a veja novamente. Mas S... me deixou belas recordações em um jogo terrível.
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