A segunda edição da pesquisa "Violência Política e Eleitoral no Brasil", realizada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, aponta um aumento alarmante de episódios de violência política contra lideranças LGBT+ nos dois meses que antecederam o primeiro turno das eleições de 2022. Entre 2 de setembro e 31 de outubro de 2020, foram registrados 542 episódios, afetando 497 indivíduos, com algumas pessoas enfrentando mais de uma situação de violência. Esses dados revelam que a incidência de violência política quase igualou o total de casos reportados nos primeiros sete meses do ano, evidenciando uma preocupante tendência.
A pesquisa destaca a importância do reconhecimento da LGBTfobia como crime equiparado ao racismo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O Brasil, signatário de diversos tratados internacionais, se compromete a combater qualquer forma de discriminação baseada na orientação sexual e identidade de gênero. A VoteLGBT, organização dedicada à promoção de direitos e à proteção de candidatos LGBT+, apresenta dados que indicam mais de 3 mil candidaturas LGBT+ nas últimas eleições, das quais 20,3% são de pessoas trans.
Para enfrentar a crescente violência política, a VoteLGBT lançou o programa Sentinela LGBT+, uma ferramenta inovadora para monitorar e responder a agressões contra candidaturas LGBT+. Durante as eleições municipais de 2024, a iniciativa permitirá que candidatos que enfrentarem ameaças ou violência online possam denunciar facilmente, enviando imagens das ameaças via WhatsApp. Utilizando inteligência artificial, o programa categoriza as agressões e organiza os dados para a elaboração de relatórios detalhados sobre a violência política LGBTfóbica no Brasil.
Além de coletar dados, a Sentinela LGBT+ também oferece suporte psicológico às vítimas. Com o apoio de profissionais da Clínica LGBT+, estão previstos 600 atendimentos gratuitos e sigilosos, visando proporcionar acolhimento às pessoas afetadas pela violência. Gui Mohallem, da VoteLGBT, enfatiza que a utilização de novas tecnologias para mapear e enfrentar essas situações é crucial para fortalecer a democracia e garantir a participação política de todas as pessoas, destacando que a crescente presença de candidaturas LGBT+ é um marco histórico.
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