Um termo que tem aparecido bastante em diversas áreas nas últimas três décadas, que foi bastante acentuado e passou a ter maior uso após o fim da União Soviética, é a ideia de globalização. Que em si seria uma unificação e integração do mundo, no sentido de haver uma dissolução geral de diversas coisas, como culturas, países, diferenças entre povos e também a unificação econômica e política do mundo, de tal maneira que tudo seria regido por uma única coisa. O que seria, aparentemente, um novo fenômeno político. Nos quais diversos lugares e culturas do mundo teriam maior intercomunicação, interagindo mais e formando talvez novos aspectos culturais e culturas. Porém, em praticamente todos os níveis, é este um discurso falacioso e irreal, misturando dados e eventos, colocando falsas simetrias e interpretações, criando esta falsa ideia.
O primeiro ponto a ser desmistificado, isto é, revisto é a ideia de que as culturas estariam se comunicando, se mesclando mais, que antigamente isto não acontecia. Mas isto sempre houve, sempre tendo conhecimento e comunicação entre os países e culturas. Não de maneira igual, muitas vezes envolvendo dominação e colonização política, mas sempre houve contatos e interações culturais, envolvendo os mais variados processos nestes ocorridos. O que também implica em processos de exploração política e econômica, fazendo com que a haja uma dominação, uma subjugação. O colonialismo na América, África e Ásia é uma demonstração do quanto às civilizações se conhecem e interagem há bastante tempo, algumas sendo mortas ou subjugadas pelos europeus. Nisto, mostra-se o quanto esta interação é já antiga.
A partir deste ponto, já podem ser desmembrados e trazidos outros relacionados. Pois uma vez que houve já esta dominação e destruição a questão cultural está nisto intrínseca. Já que os embates e combates culturais ocorridos constituíam esta mesma interação, tendo alguns aspectos dela sendo trocados e influenciados, além de vários deles impostos e forçados aos colonizados. Hoje continua tendo diversos aspectos de imposição cultural, não de forma tão direta, mas existente. Atualmente é feita de forma mais sutil, não com extermínios e imposições diretas, mas vendendo a ideia de arte de primeiro mundo ou de algo mais avançado ou civilizado. A falácia de globalização entra diretamente nisto, fazendo com que se vendam os produtos e produções culturais como globais ou globalizados, o que é longe de ser verdade e é apenas um disfarce para manter esta dominação e a visão embasbacada que temos pelo que vem de fora, embutido no discurso de globalização. Não que se deva desprezar ou rejeitar tais culturas e ideias, mas apenas entender que são apenas mais um tipo de cultura existente, nunca superior a nossa e muito menos global, representante de um suposto mundo completo que existiria.
Também com isto puxa-se o aspecto político econômico. Pois, justamente com este fator cultural somam-se junto à dominação e exploração sendo feitas. Que vão desde o mercantilismo colonial até o capitalismo industrial, nos quais não há somente divisões sociais internas dos países, como de alguns países em relação a outros, nos quais há mais preponderância e força econômica. Que é favorecida pelo afrouxamento de leis sociais, processo reacionário normalmente vendido como modernizante ou da globalização. O que reforça esta dominação e este processo econômico que favorece algumas potências.
Em termos mais curtos, a ideia de globalização é apenas uma propaganda do mesmo domínio que já é feito há muito tempo, pela Europa e pelos EUA há menos tempo. Mas são muito próximas as ideias e ações, porém colocadas em outra roupagem e com alguns disfarces. O que demonstra essencialmente o quanto esta estrutura de poder, o quanto isto ainda é forte, mas precisa ser enfraquecido. Para haver maior jogo e equilíbrio de poder em cenários diversos, além de mudar o sistema econômico, capitalismo, e haver maior respeito e participação cultural, sem as dominações. O mundo continua tendo muita coisa de processos políticos, econômicos e culturais de antigamente, apenas com novas roupagens, chamada agora de globalização. O que exige uma profunda capacidade e esforços de rompimento.
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