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Sísifo feliz

Ao longo do livro, discorre sobre o absurdo da vida, suas ideias e no que isto implica. Porém, mais para o final, faz a imagem que nomeia o livro, retirada do mito grego de Sísifo, no qual este foi condenado eternamente a empurrar até o topo de uma montanha uma gigantesca pedra, a qual rolava para baixo novamente, fazendo com que, no dia seguinte, tivesse Sísifo de empurrá-la novamente, ficando em um ciclo eterno deste processo.

29/09/2024 às 13h47
Por: Pedro Fagundes de Borba
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Sísifo carregando a pedra; PICRYL
Sísifo carregando a pedra; PICRYL

Ao fazer suas reflexões e ponderações sobre a vida Albert Camus descreveu alguns de seus processos e fatos, buscando-lhe um sentido, uma razão de haver. Não lhe achando, criou e sustentou a filosofia do absurdo, isto é, que a vida não faz sentido e tudo nela é um grande absurdo, algo sem sentido ou propósito. Mesmo com este tom bastante niilista a respeito dela, não a tira o fato e a necessidade de viver, mas lhe dá como este aspecto absurdo, como algo a ser vivido assim. Em sua mais importante obra a respeito deste tema, “O mito de Sísifo”, começa discorrendo que a única pergunta filosófica realmente importante é sobre se a vida deve ser vívida ou não, porque não devo me suicidar. 

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Ao longo do livro, discorre sobre o absurdo da vida, suas ideias e no que isto implica. Porém, mais para o final, faz a imagem que nomeia o livro, retirada do mito grego de Sísifo, no qual este foi condenado eternamente a empurrar até o topo de uma montanha uma gigantesca pedra, a qual rolava para baixo novamente, fazendo com que, no dia seguinte, tivesse Sísifo de empurrá-la novamente, ficando em um ciclo eterno deste processo. Dentro disto, se faz a metáfora da vida como este contínuo absurdo, no qual vivemos sem uma razão, cumprimos nossas funções para que nada seja, apenas uma ação cíclica que se repete, fazendo da vida este processo de coisas sem sentido sendo efeito permanentemente, sempre associado com esta contínua atividade. 

 Porém, o ponto central da reflexão camusiana é justamente aquele de que é preciso imaginar Sísifo feliz, que executa seu trabalho continuamente gostando daquilo. Pois, neste sentido, está ele sentindo e vivendo plenamente o absurdo desta vida, sentindo ela em toda sua força, características e absurdos. Isto não é propriamente dar-lhe um sentido, mas sim viver sem necessitar dele, sentir as essências e características da vida. Além de, também, ver este processo, este diário trabalho de rolar a pedra e entender e ver aquilo como algo a ser feito, como uma vida que vivemos. Sísifo feliz é a maneira de passar pela vida, estar aqui encarnado e ver a composição e bases desta vida.  

 

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