O governo da Venezuela convocou, nesta quarta-feira (30), o embaixador venezuelano em Brasília para retornar a Caracas e prestar esclarecimentos após o que classificou como “declarações intervencionistas e grosseiras” por parte de autoridades brasileiras. A medida, que simboliza um protesto diplomático, ocorre após declarações do assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, sobre a exclusão da Venezuela do bloco econômico Brics. A Chancelaria venezuelana interpretou os comentários como um ataque às relações políticas e diplomáticas entre os dois países.
Em comunicado oficial, o governo Maduro criticou Amorim por agir “como um mensageiro do imperialismo norte-americano” ao emitir juízos de valor sobre questões internas da Venezuela. As autoridades venezuelanas afirmaram que tais declarações afetam negativamente os laços entre Brasil e Venezuela, qualificando-as como “uma agressão constante”. Esse desentendimento aumenta a tensão entre os países e pode afetar a colaboração em áreas políticas e econômicas de interesse mútuo.
Durante audiência na Câmara dos Deputados na terça-feira (29), Amorim comentou que o governo brasileiro não está barrando a entrada da Venezuela nos Brics por razões ideológicas, mas porque acredita que o país ainda não tem condições para integrar o grupo de forma representativa e influente. Ele acrescentou que o bloco toma suas decisões por consenso, destacando que, na visão do Brasil, a Venezuela atual não cumpre os critérios necessários para sua admissão no grupo econômico.
O atrito diplomático acontece em um momento em que ambos os países tentam retomar relações institucionais após períodos de tensão nas últimas décadas. A convocação do embaixador pode significar um possível esfriamento dos diálogos, colocando em pauta a necessidade de esforços diplomáticos mais intensos para a preservação de laços pacíficos e produtivos entre Brasil e Venezuela.
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